HERONIDES MAURILIO DE MELO MOURA

HERONIDES MAURILIO DE MELO MOURA

[Lattes] [heronides@uol.com.br] [Bolsista PQ2/CNPq]

 

Pesquisa

Atualmente, desenvolvo dois projetos de pesquisa. O primeiro se intitula Como o português brasileiro codifica o movimento: variação e tipologia. Neste projeto, investigo a existência, em português brasileiro coloquial, de construções denominadas na literatura com diferentes rótulos: phrasal verbs (verbos sintagmáticos), verb-particle construction (construção verbo-partícula) e satellite-framed construction (construção com frame no satélite).

Estas construções são típicas das línguas germânicas, mas são bastante produtivas no português brasileiro, como pretendo mostrar. Entre os exemplos que vou descrever e examinar estão: andar por cima, andar por baixo, ir embora, arrancar fora, sair fora, cair dentro, dar pra trás, pular dentro, pular fora, cuspir fora, etc.

Não se trata de influência da língua inglesa, mas de uma construção que apresenta características semânticas e pragmáticas específicas, ligadas em parte à língua oral, e que ocorre também em outras línguas românicas, como o italiano e o trentino. Esta pesquisa é realizada em cooperação com o Language and Culture Research Centre (James Cook University, Austrália).

A segunda pesquisa que desenvolvo atualmente se intitula O Domínio Cognitivo da Imperfectividade e as metáforas sobre corrupção. O objetivo deste projeto é examinar a conceptualização da corrupção no Brasil, com base em sentenças coletadas no acervo da Folha de São Paulo.  Nos dados coletados, a corrupção é vista como um sistema, sem contornos temporais definidos, tendendo à eternidade e sem agentes individualizados. Os eventos por meio dos quais a corrupção é metaforizada são majoritariamente atélicos.

A hipótese da pesquisa é que as metáforas sobre corrupção no Brasil tomam como domínio fonte não apenas conceitos não linguísticos, como doença e força destrutiva, mas também domínios cognitivos criados pela própria linguagem, como o aspecto verbal. O contorno temporal do evento é um importante elemento a definir como a corrupção é percebida e conceptualizada.  Oe projeto tem o apoio do CNPq (bolsa de produtividade em pesquisa) e está inserido também no Grupo de Trabalho da ANPOLL Linguística e Cognição.

Perfil

Possuo Licenciatura em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (1985), mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (1988) e doutorado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1996). Fiz pós-doutorado na Sorbonne Nouvelle (2000) (Paris, França). Sou professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, onde atuo desde 1990. Já orientei catorze teses de doutorado, vinte e três dissertações de mestrado e dois estágios pós-doutorais. Fui Presidente da ANPOLL (2012-2014) e coordenador da Pós-graduação em Linguística da UFSC (2010-2014). Coordeno o NES (Núcleo de Estudos Semânticos). Em 2020, atuei como pesquisador visitante na James Cook University (Austrália).

Principais publicações

MOURA, H. The conceptual and the linguistic factors in the use of metaphors. DELTA, São Paulo, n. 22 (especial), p. 81-94, 2006.

MOURA, H. Relações paradigmáticas e sintagmáticas na interpretação de metáforas.  Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, n. 7(3), p. 417-452, 2007.

MOURA, H. Vamos pensar em metáforas? São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2012.

MOURA, H.  Elementos nucleares de frame e a interpretação de metáforas. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 55 (1), p. 65-80, 2013.

MOURA, H.; CAMBRUSSI, M. Uma breve história da linguística. Petrópolis: Vozes, 2018.

MOURA, H. A linguagem não é transparente. Um estudo sobre a relação entre forma e sentido. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2018.

MOURA, H.; BADARACCO, L. Translating motion verbs from English to Portuguese: lexicon and  constructions. Cadernos de Tradução,  v. 39, p. 166-183,  2019